Domingo 24 de junho, celebramos a festa do nascimento de São João Batista. Por ter sido um grande homem, o precursor de Jesus tem ainda direito a outra festa no dia 29 de agosto que recorda sua morte. Sua vida, contada nos evangelhos e mencionada em outros livros do Novo Testamento, impressiona por muitos motivos.
Seu nascimento aconteceu fora dos padrões comuns. A mãe Isabel era mulher idosa e estéril; o pai Zacarias pertencia à classe sacerdotal e não acreditava muito em milagres. Conta São Lucas em seu Evangelho que, durante ofício no santuário do templo, Zacarias foi avisado pelo anjo Gabriel que sua esposa ficaria grávida e teria um filho cujo nome seria João.
Tantas foram as maravilhas anunciadas a respeito da criança que o homem duvidou serem verdade. Como castigo ficou mudo. Pobre Zacarias! Teve que ruminar por nove meses sua incredulidade. O fato é que Isabel engravidou e todos acharam a gravidez dela um presente do céu.
A futura mãe, tímida como era, tinha vergonha de mostrar sua barriga que crescia de volume com o passar dos meses. Sua parenta, Maria de Nazaré, que estava grávida de Jesus, veio ajuda-la nos últimos três meses antes do parto. O nascimento da criança tornou-se uma festa e festa grande, atraindo parentes e vizinhos. João foi recebido como benção divina.
A euforia era tanta que todos queriam dar nome ao recém-nascido.
Pelo jeito, o pai do menino era muito popular e tentaram convencer a mãe a chamar o menino de Zacarias. Isabel recusou a proposta não porque amasse pouco o marido ou seu nome, mas porque o anjo tinha dito que o nome do filho seria João. Sabe que o pessoal não se contentou e foi atrás do pai? Zacarias, como estava mudo, pediu uma tabuinha e um estilete (naquele tempo não havia papel nem caneta esferográfica) e escreveu nela que “seu nome é João”.
Aí, o velho pai começou a falar e bendizer a Deus. Bela história, não é verdade?
Surge, porém, uma questão: Por que celebramos esse nascimento justamente em 24 de junho? Quer saber mesmo?
João nasceu seis meses antes do parto de Jesus. Faça as contas: Daqui seis meses teremos o Natal. Se você for ler esta história para as crianças, não esqueça de explicar o que é estilete.
Existem muitas lições a tirar da narrativa de Lucas. Todas as crianças concebidas ou dadas à luz deveriam ser recebidas com a alegria com que foi João.
Uma nova vida significa que Deus continua a acreditar na humanidade. Para ser franco, não consigo entender como se chegue a praticar o aborto. Um filho ou filha deve ser buscado, programado.
Quando não se deseja ser pai ou mãe, existem métodos que evitam a concepção. Por que gerar e depois matar? Não existe lógica.
Entretanto vivemos numa sociedade em que a irresponsabilidade faz adolescentes engravidarem, filhos serem concebidos por drogados, estupradores desgraçarem mulheres.
Está na hora de aprender com o nascimento de João que a vida não é coisa descartável, mas, um tesouro a ser recebido com alegria.
Artigo de D. Luiz Soares Vieira, arcebispo de Manaus, publicado no site da Arquidiocese de Manaus - http://www.arquidiocesedemanaus.org.br/site/index.php?secao=vozes_pastor&cod=10&titulo=A+VIDA+HUMANA+N%C3O+%C9+OBJETO+DESCART%C1VEL&autor=Dom+Luiz+Soares+Vieira+%96+Arcebispo+de+Manaus - em 23 de junho de 2012.
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